Instinto de sobrevivência feroz.


Há situações e acontecimentos inexplicáveis na vida. E a minha está carregada delas. Vou-vos relatar alguns destes acontecimentos bizarros.


Estava eu a caminho do autocarro, vinda da escola Bernardino Machado na Figueira da Foz... Na altura a estação era mesmo ali a dois passos. Agora está lá instalada uma escola. Enfim, ia eu na minha vida, quando senti uma sensação estranha e um enorme impulso de gritar "Cuidado!", que fiz sem saber porquê. Sobe nos segundos seguintes. Ao gritar rodei nos calcanhares, uma mulher que levava o seu filho num carrinho de bebé e que tinha passado por mim nesse mesmo instante ao ouvir o meu grito, instintivamente, deu um pulo para trás e puxou o carrinho de bebé para si... mesmo a tempo. Foi por uma nesga que ela e o bebé não foram pelos ares. Só conseguimos ver uma sobra escura a altíssima velocidade vindo da praça de táxis a subir a rua que ladeia a escola do lado da antiga gare de autocarros. E sentiu-se a deslocação do ar provocada pela velocidade do "veículo" que passara. Fiquei toda arrepiada e a dar graças a Deus que ninguém parecia ter reparado que eu estava de costas para o incidente e não tinha como saber o que lá vinha. Foi apenas um instinto que eu quero chamar de instinto de sobrevivência apurado.


Uns dois anos depois, vinha a andar na rua da República da Figueira da Foz, vinda do lado do Pingo Doce... mais ou menos perto da Nau, passei por um casal que vinha em sentido contrário e senti um arrepio e mais uma vez dei por mi a gritar "Cuidado!" ao mesmo tempo que me virei e puxei os dois para trás com força. Quase caímos os três, mas salvou-lhes a vida. Um vaso de barro que estava numa varanda caiu mesmo a frente deles. Se eu não os tivesse puxado para trás, pelo menos um deles teria levado com o vaso na tola. Arrepiante.

Ali mesmo na área do Café a Nau, estava eu, certo dia, a conversar com uma amiga na mesma rua encostada à porta da Nau quando, do nada dei um pulo e desato a correr em direção à Câmara Municipal da Figueira da Foz. Quando cheguei perto da rua entre a Nau e a Câmara, apercebi-me de um menino no meio da rua a tentar pegar uma bolinha. Percebi logo que ele era a razão pela qual eu estava a agir assim e sem parar um instante corri para o menino peguei nele e dei um pulo para o outro lado. Irritada e depois do perigo ter passado (quase fomos atropelados), eu procurei saber de quem era o menino. Só ai é que a mãe do menino, que esteve todo aquele tempo a conversar com uma amiga ou conhecida, não sei, se dignou a olhar e ai começou a gritar com o menino por ter saído de ao pé dela. Fiquei danada e disse-lhe de lata que ao invés de estar a gritar com o menino, que não devia ter mais de dois anos, se os tivesse, deveria ter mais atenção às obrigações de mãe. Uma criança requer atenção redobrada e é obrigação do adulto estar duplamente vigilante.

Há muitos mais casos. Mas não vos vou maçar mais. Se no entanto tiverem curiosos para saber mais, podem sempre dar-me a conhecer esse vosso interesse. Nesse caso poderei contar-vos outros acontecimentos que graças a esse meu "instinto de sobrevivência" evitou que situações terminassem em tragédia. Inclusive, salvando a minha própria vida da morte certa.



Irene Cruz

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