Morgana Safira

      Numa pequena localidade chamada Vale dos Lobos, no meio de uma floresta densa, vivia uma misteriosa mulher - Morgana Safira. Habitava numa casa de árvore, construída num velho tronco de embondeiro. Quem a olha-se de fora achava a assustadoramente misteriosa. Possivelmente assombrada.

      As janelas pareciam olhos de coruja, a porta parecia uma boca de dragão. Era mesmo aterrorizante. 

      Todos achavam que Morgana era uma feiticeira. E haviam até rumores de que comia crianças ao pequeno almoço.

      Mas uma pessoa em particular não se deixou intimidar por tais rumores e decidiu investigar o caso. De mochila às costas, com o necessário para sobreviver uns dias num ambiente hostil, embrenhou-se na floresta rumo à casa da "feiticeira" - Helena a destemida numa aventura para gente com nervos de aço.

      A floresta, além e densa, era muito extensa. Cobria uma área muito grande. Era preciso uma semana inteira,  sem parar para descansar, para a percorrer de um extremo ao outro. Até chegar ao centro da floresta, Helena teve de parar para descansar e comer algo umas quantas vezes. Pernoitou na floresta duas noites. Procurando sempre um refugio numa pequena gruta ou num tronco oco para passar a noite, enrolada no seu saco cama. O que vale é que estávamos no verão e as noites eram amenas.

      Finalmente encontro a casa da "feiticeira" Morgana. Havia um silêncio incómodo no ar. "Será que Morgana está em casa?" - perguntou-se Helena. Bateu, a medo, à porta. Nada! Esperou uns segundos, contando até dez, pausadamente, e voltou a bater à porta. Nem um som.

      Já estava para desistir quando sentiu um movimento atrás dela. Virou-se e deu de cara com Morgana. 
      Ah, olá! Sou Helen. Vim aqui para a conhecer. Podemos conversar?
      Morgana - E tu não tens medo que eu te coma para o pequeno almoço? - Perguntou Morgana divertida.
      Helena    - Ha ha ha... Não.

      Morgana convidou a para entrar e ofereceu-lhe um chá. Conversaram um longo tempo e quando se deram conta já passava do meio dia. Prepararam um almoço enquanto falavam do que levou ao boato sobre Morgana comer crianças para o pequeno almoço.

      Explica-me lá o que leva o pessoal lá da aldeia a dizer que tu comes crianças ao pequeno almoço? De onde é que esse boato surgiu? - indagou Helena.
      Isso também queria eu saber!? Surgiu do nada! - exclamou Morgana
      Porque vives aqui isolada de tudo e de todos? - quis saber Helena.
      Dou-me melhor com a natureza do que com os da minha espécie. A natureza não me julga. Ela não me recrimina nem me acusa do que eu não fiz. Não inventa histórias maldosas e assustadoras a meu respeito, só para justificar o injustificável. As pessoas são más e só porque alguém é diferente marcam-na com boatos maldosos até a correrem dali ou a obrigar a sair só para ter um pouco de paz. - explicou Morgana emocionada.
      Realmente! Eu sempre achei essa história mal contada. As pessoas da aldeia são doidas. Mas, agora mudando de assunto... importas-te se eu passar a vir aqui mais vezes? Gosto deste lugar e gosto da tua companhia. Se não for nenhuma inconveniência para ti, claro. - falou Helena.
      Nenhum mesmo. Também simpatizei contigo. Aparece sempre que quiseres. Posso até ensinar algumas coisas sobre as ervas medicinais e sobre os segredos da floresta. - Morgana apressou se a responder.
      Fixe! - exclamou Helena.

      Almoçaram alegremente, enquanto Morgana contava algumas das aventuras que vivera na floresta. A seguir ao almoço, Morgana subiu para o seu morro preferido e começou a tocar uma doce melodia à qual, logo, os pássaros da vizinhança se juntaram. 

      Pouco depois, Helena despediu-se de Morgana, prometendo voltar no próximo fim de semana. Combinaram que ela poderia pernoitar lá de sábado para domingo.


Irene Cruz

Comentários

Helena Fénix disse…
Wow, mal posso esperar pelas próximas. Impulgante!

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