Princesa Helena

    

      Helena não nasceu princesa. Sua família era muito pobre e vivia do que a terra lhe dava, quando dava. Chegaram a passar muita fome. Ela e seus três irmãos eram crianças alegres, apesar da miséria em que viviam. A sua "casa" era feita de madeira. Era de uma única divisão que servia de cozinha sala e quarto. Dormiam no chão em esteiras. Em fim, a miséria era muita mas o amor e a união entre eles era a sua maior riqueza.

      Tudo ia relativamente bem até a sua mãe adoecer. Ela estava com uma pneumonia e a saúde agravava-se de dia para dia. Helena e os seus irmãos decidiram ir à procura de ajuda. Eles não tinham como pagar ao médico da aldeia para curar a mãe. Por isso entraram na floresta sombria, de que todos tinham medo, para procurar a velha senhora a quem todos chamavam de bruxa malvada. Na realidade ninguém sabia muito da velha senhora,... apenas que era muito velha, feia, tinha um nariz comprido, uma grande verruga no queixo e vivia isolada de todos no interior de uma floresta coberta de bruma o tempo todo e sombria. Todos a temiam sem saber nada dela.

      Seguindo o seu instinto a pequena Helena de 12 anos de idade convenceu Tiago de 9 anos e os gémeos Ben e Sam de 6 anos a ira à aventura para tentar salvar a mãe. E lá foram os quatro aventureiros. Quando encontraram a velha senhora, a apanhar lanha perto de sua casa, contaram-lhe o que estava a acontecer com a mãe e o porque de irem a sua procura. A velha senhora disse que tinha algo que poderia ajudar. Entregou-lhes um frasco com um liquido transparente com um ligeiro cheiro a menta e algo que eles não conseguiam identificar e avisou que sua mãe deveria beber o conteúdo todo à meia noite em ponto. Era a melhor hora para garantir a eficácia do tratamento. As energias lunares fortaleciam o poder da poção e essas energias estava no seu auge à eia noite. Especialmente nessa noite. Noite de lua cheia. Deu-lhes ainda um bule antigo dizendo-lhe para esfregar o bule com um pano para que o génio mágico sai-se para lhes garantir três desejos. 
      - Mas, pensem bem antes de pedir os desejos. Não podem voltar atrás e são só três. - disse a velha senhora.

      Os meninos voltaram para casa cheios de esperança renovada. Contaram tudo a um pai assustado e ao mesmo tempo orgulhoso. O pai Ouviu os relatos de olhos arregalados de espanto. Que coragem, a dos seus filhos. A meia noite estava a chegar. Prepararam-se para fazer a mãe beber a poção.
      - Tens de beber tudo, mãe. Está bem? - explicou Helena ao que a mãe acenou debilmente.
      A mãe bebeu tudo e adormeceu quase de imediato. Isso assustou os meninos. Mas o pai logo acalmou-os dizendo:
      - Vamos aguardar que o remédio faça efeito.
      Todos se deitaram ao lado da mãe e esperaram. O pai sentou-se à cabeceira da esposa e esperou, rezando em silêncio. Quando os primeiros raios de sol pintaram o céu Ana acordou para grande alívio de Julian. Ele acordou os filhos que alegres abraçaram a mãe.
      Tiveram de contar todos os acontecimentos à mãe que no fim do relato emocionante dos filhos perguntou:
      - E então, onde está o famoso bule?
      Helena entregou o bule à mãe. Foram todos para o alpendre em frente da pequena cabana e lá Ana esfregou o bule com a manga de seu vestido. Um fumo branco saiu do bico do bule e como por magia apareceu um génio azul. O génio perguntou a Ana:
      - Tem três desejos, quais são? - e acrescentou: - Pense bem.
      Ana pensou uns segundos e depois disse:
      - Quero terra a perder de vista com cavalos burros e variedade de animais de quinta.
      Zás Trás e surgiu uma área extensa com vários tipos de animais de um e de outro lado do rio.
      - Faltam-lhe dois desejos. Pense bem. - falou o génio.
      Ana pensou, Helena sussurrou algo ao ouvido da mãe, e ela disse:
      - Quero um belo castelo com uma ponte a atravessar o rio no lugar desta cabana.
      Feito e o génio avisou:
      - Só tem mais um desejo. Pense bem.
 
      Ana não teve de pensar muito e disse firmemente:
      - Que abundância seja eterna nesta família.
      - Zás Trás e agora o meu trabalho está feito. - disse o génio que desapareceu numa nuvem de fumaça.


Irene Cruz e Ana Maria Lopes Silva

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