Laços inesperdos
Um dia estamos no top do mundo.
No outro, no fundo do abismo.
A roleta da vida não para,
impiadosa, gira até decidir nossa sina.
Tira à sorte um número ímpar,
por vezes, cala um número par.
Seguimos, apesar de tudo,
a passo lento, mas seguro, imprimo
o ritmo do caminho, que andara,
à tempo, a percorrer em contra-sina.
Tira à sorte um número ímpar,
por vezes, cala um número par.
Levo no peito o segundo
em que te vi, lá no cimo,
encostado ao sobreiro, à beira da eira,
dando voltas ao boné âmbar.
Tira à sorte um número ímpar,
por vezes, cala um número par.
Quem diria que irias ficar amarrado
pelo beicinho e caido de amor, meu mimo.
Tua deusa, te laçou e tu não tiveste maneira
de escapar ao enguiço de seu doce olhar.
Tira à sorte um número ímpar,
por vezes, cala um número par.
Irene Cruz
Comentários