Prados da Animalis

   
      Muitos dos animais que habitam nos prados vivem em grandes grupos. O grupo de que vos vou falar vive numa manada para melhor se defenderem de predadores e de outros perigos.
      Quando as tempestades de verão começam, eles reúnem-se no grande rochedo para decidirem para que refugio se deve dirigir. Depois, juntam a respetiva manada. Com as crias, os membros mais velhos e as fêmeas mais frágeis no centro da manada e os restantes membros da mesma em volta do grupo. E, então, dirigem-se para o refugio.

      Estava-mos num desses Verões e este ano a tempestade iria ser especialmente agressiva. A manada de zebras puseram-se a caminho do refugio. Passadas duas horas, quando lá chegaram; a manada deu-se conta de que muitas das crias tinham desaparecido.
      Desesperados e sem poderem fazer nada senão esperar que a tempestade amainasse para irem a procura das crias que ficaram para trás... rezaram para que eles tivessem sãos e salvo e abrigados da tempestade.

      Entretanto, as crias foram parar a uma gruta. Assustados e encharcados, as crias juntaram-se mais, para se manterem quentes até a tempestade passasse. Mas não estavam sozinhas...
      Há alguns meses atrás, uma jovem mula castanha caíra para esta gruta, por uma fenda. Já conhecia a gruta como a palma dos seus cascos. Ao avistar as crias assustadas, aproximou-se e disse:
      - Não se preocupem, eu ajudo-vos a sair daqui.
      As crias deram um pulo. Não viam nada, estava muito escuro. De quem seria aquela voz? Zeca, a cria mais atrevida do grupo, perguntou:
      - Onde estás? Não te conseguimos ver.
      - Eu vou acender uma tocha, mas não se assustem. Eu tenho mau aspeto mas sou inofensivo.  - respondeu a mula.
      As crias esperaram uns minutos, ansiosos. A tocha acendeu-se e, derrepente, as crias viram-se envolvidas num turbilhão de emoção. A gruta estava crivada de cristais multicolores. Era eletrizantes! À sua frente, a pouco mais de um metro, estava uma mula castanha. Zeca procurou:
      - Vives aqui sozinha?
      - Sim, vivo. - afirmou a mula embaraçada.
      - És muito corajosa e isso nós admiramos. - disse Juvi, a cria mais velha.

      Mina, a cria mais pequena, acrescentou:
      - Podes ser feia, mas tens boa alma. Já agora, como te chamas?
      - Chamo-me Tandra. - respondeu a mula e, animada, perguntou:
      - Querem que vos leve até à vossa manada?
      - Sim! - exclamaram todos em uníssono.
      - Mas como sabes onde está a nossa manada? - procurou Juvi.
      Tandra explicou, com um acenar de cabeça:
      -Fácil! Estão a ver aquela escadaria de pedra ali atrás? - quando as crias anuíram com um aceno de cabeça, a mula acrescentou:
      -Ela vai dar diretamente ao refugio onde eles estão. Vamos?


      As crias dirigiram-se para a escadaria, agora iluminada por tochas, e subiram-na até à outra saída da gruta. No fim das crias passarem todas por Tandra, ela seguiu atrás deles. "Não vá alguma cria ficar para trás, outra vez.", - pensou Tandra cautelosa.

      Passados uns minutos, saíram para um planalto coberto pela erva mais fresca que alguma vez viram. A manada estava a organizar um pelotão de busca. Quando viram as crias a sair da gruta acompanhados de uma mula castanha,... ficaram estupefato.
      Visto que Tandra considerava que a sua missão estava terminada, virou-se e começou a dirigir-se para a gruta. Mas não foi longe...
      -Tandra, onde vais? - procurou Javi e, logo acrescentou: - Agora fazes parte desta manada. Nós somos amigos para a vida.
      - Fica! - disse Mina. E todas as crias acrescentaram a uma só voz:
      - Sim!


      Esse foi o "sim" mais sonoro que já ouvirá. Tandra olhou para os adultos a ver se estes estava de acordo. O chefe da manada, Dunga acrescentou:
      - Salvas-te as nossas crias e trouxeste-as, são e salvos. Por isso, és bem-vinda à manada. Fica.

      Tandra ficou emocionada. Agora tinha amigos, família... Organizaram uma festa de boas vindas à Tandra. Foi um sucesso.

      Avida é boa!



Autora: Ana Catarina Silva Cruz (12 anos)
Ilustradora: Irene Cruz (mãe)
Colaboradora: Ana Silva (tia)

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