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12 Agosto de 1972

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Querido diário,                              hoje estive a brincar com crias de leão. Foi divertido mas a mamã quase desmaiou de susto.                              Fomos fazer um safári com mais duas famílias e dois guias turísticos. Na reserva do Parque Nacional Kruger, na África do Sul. A caravana turística parou perto dum grande grupo de leões com crias. Estavam deitados à sombra de uns arbustos e as crias estavam a brincar.                              Eu não resisti, saí a correr do jipe em direção às crias de leão e sentei me a brincar com eles alheia aos possíveis perigos. Uma das leoas adulta aproximou se de mim, cheirou me e afastou se fazendo uns grunhidos suaves para os outros leões. Os leões adultos formaram uma linha defensiva entre a caravana turística e as crias, como que a dizer... "A cria humana maluca pode aqui estar mas vocês ficam aí."...                               Os guias sugaram o coração de meus pais, dizendo: não se preocupem. Os leões não vão faz

26 de Agosto de 1969

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  Querido Diário,                         Há uma guerra civil aqui na Rodésia.  Meu pai recebeu o Diploma do Doutorado de Engenharia Electrotécnica e fomos almoçar fora para comemorar.  Mas a comemoração acabou com um sabor amargo, quando regressamos a casa. Ou seja, o que restou da nossa casa.                          Ao chegarmos deparamos-nos com um cenário de terror.  A nossa casa estava em ruínas, toda queimada... e a Linda, nossa cadela pastor alemã e minha baba; estava morta. Além de a matarem a tiro de metralhadora, queimaram-na.                         O meu pai não aguentou e entrou em coma. A minha mãe pediu à embaixada portuguêsa se podiam agilizar a transferir do meu pai para o hospital de Lourenço Marques/Moçambique... porque ela não falava inglês e não conseguia comunicar com os médicos na Rodésia. Meu pai foi transferido para o hospital da capital de Moçambique. Esteve em coma 3 meses e quando saiu do coma não sabia quem era tinha perdido a memória de tudo. O doutor dis

No horizonte do desespero

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Olhando o horizonte enfrento a vida. Agarro meu mundo na palma da mão. Encaro a fonte da minha sina, temida. Vejo claramente, no fundo, o caminho de pedra padrão. Subo ao monte duma existência ferida. Ergo meu ego, corte profundo... Citando a palavra do pregão.  Irene Cruz

Sol

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Faço reverência ao sol  admirando sua radiância. Sua energia vital produz vida e magia. Como um imenso farol espalha luz à distância. Viaja o espaço sideral aquecendo nos com sua energia. Abro me como um girassol rodando guarda por sua supremacia. Encostada ao portal  fico horas, de vigia. Irene Cruz

No fim do caminho

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No fim do caminho, duro como foi, só encontrei espinhos e amarguras mil. Ao longo do pergaminho, descrevo um sentimento que rói, desenho azevinhos e pensamento em anil. Vestido de linho. Negro e pesado, dói... Minha alma cortada com ancinhos. Fria pedra, ardil. Irene Cruz

À procura da sorte

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Pairando sob o teu olhar vivo ao sonora do vento. Deixo para trás o desfolhar dum vida de sofrimento. Cresci no caos sangrento da guerra que homens de pouca fé criaram. Esculpida do ferro temperado  na chama eterna e arrefecido no glaciar Ártico. Minha alma erra sem rumo, horas passaram, até que, de algar deslumbrado, vejo no horizonte encarnado o portal do reino mítico. Amanhã voo para norte. À procura da sorte. Desejando um futuro Sem obstáculos e de mel puro. Irene Cruz

Pensamento ausente

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Lançado ao vento, meu pensamento ausente. Ouço um sublime soneto, teu coração batente. Traz-me à memória, agora ausente, doce harmonia seria o que não se fez presente. Vagueio no rio da memória em busca do momento que me fez sorrir, um dia, orientando o pensamento. Irene Cruz