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Laços inesperdos

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  Um dia estamos no top do mundo. No outro, no fundo do abismo. A roleta da vida não para, impiadosa, gira até decidir nossa sina. Tira à sorte um número ímpar, por vezes, cala um número par. Seguimos, apesar de tudo, a passo lento, mas seguro, imprimo o ritmo do caminho, que andara, à tempo, a percorrer em contra-sina. Tira à sorte um número ímpar, por vezes, cala um número par. Levo no peito o segundo em que te vi, lá no cimo, encostado ao sobreiro, à beira da eira, dando voltas ao boné âmbar.  Tira à sorte um número ímpar, por vezes, cala um número par. Quem diria que irias ficar amarrado pelo beicinho e caido de amor, meu mimo. Tua deusa, te laçou e tu não tiveste maneira de escapar ao enguiço de seu doce olhar. Tira à sorte um número ímpar, por vezes, cala um número par. Irene Cruz 

Desespero

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  Dor intensa, desespero sem fim, mergulho num abismo de tristeza. No horizonte, um oásis de esperança, que desespero para alcançar. Peço ajuda ao cosmos, por mim. Estico a alma sangrenta, que tanto preza o teu calor... que, de frio,não alcaça  o esplendor que tanto quero abraçar. Cruel é o destino que  de ti me afasta. Não vejo o caminho, no abismo me casta. Grito... prego... me ajoelho aos seus pés.  Peço... imploro... o tesouro que, para mim, és.  Terei eu direito à felicidade? Negas me a essência da eternidade. Dar-me-às o doce mel? Ou me lançaras farpas de fel? A Deus peço... abra me o caminho que me leve ao doce abraço, daquele em que eu me aninho. Amor... destino... cujo perfil, em minha alma, eu traço Irene Cruz

Meu mundo ideal

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  Meu mundo ideal seria ao lado do meu amor. Este pedaço de mau caminho que me eleva às estrelas só com um olhar. Mal posso esperar, coração em espiral, para escancarrar ao mundo meu grande amor. E em teus braços me aninho mergulhando no teu doce olhar. Vida minha, será sonho feito luar. Contigo quero uvar à lua. E a ela proclamor nossa história de amor. Voar contigo sobre terra e mar. Viver intensamente o amor, ser tua... Encaixada em ti, a imagem perfeita do verbo amar. Irene Cruz

Reflexo

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  Olhando me no espelho, vejo o reflexo de minha essência. Bailando no limbo, tal equilibrista, tento encontrar o ponto de equilíbrio. A semente da esperança espalho no pátio feito distância. Num rompante levanto e sambo o canto do colibri à vista... num salto de sonho sombrio. No acordar do sonho vejo um brilho de esperança na estância dum grande tombo. Levanto minha crista e sacudindo a poeira, carrego o brio. Irene Cruz

Menina do mar

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Nas ondas do mar, embalada pela brisa do norte... minha alma azul âmbar, sonha em tom rosa forte. Dizem, lá do alto da duna, que não há por do sol como este. Cor de mar e mundana, de algas e búzios se veste. Alma leve, espírito livre. Solta ao vento nas ondas do mar. Solta um grito de cimo da árvore e dança o tango daqui até Tomar. Irene Cruz

18 de Maio de 1973

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  Querido diário,                              Ontem tivemos que sair de Angola. Angola está em guerra pela independência e as coisas estão más por lá.                              Embora não corrermos risco de vida diretamente... pois damos-nos bem com toda a gente e somos bem tidos por todos os nativos... meu pai achou melhor sairmos enquanto as coisas não acalmarem. Ninguém nos faria mal, mas podíamos correr o risco de sermos atingidos no fogo cruzado.                               Nós estávamos numa coluna militar constituída por três camiões militares e vários carros civis (um dos quais o nosso). Derrepente um carro civil mais à frente foi bombardeada e um mais atrás também. O meu pai decidiu sair da coluna militar, pois teríamos maior chance de sobrevive se fossemos sozinhos. Ultrapassou a coluna militar e tentou seguir sozinho. Mas o camião militar que ía na frente da coluna militar apontou nos as armas. Meu pai parou e foi falar com os militares. Assinou um termo de responsabil

Harmonia

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Harmonia Numa dança parada no tempo, conto os dias que faltam. O ritmo compassado do corpo embala os segundos e saltam. Pulsa, em mim, o momento de te reencontrar. Aqui, encontro o alento de vos ver, em casa, entrar. Perdida na saudade dum tempo que não esquece. O avançar da idade de saudade, agarra se à prece. Olho em frente o horizonte. Procuro vossa silhueta, esperançosa. Meu coração se contrai no monte e brilha numa saudação calorosa. Irene Cruz